Tropa de Elite 2 – O sistema é foda, parceiro!

Fala galera do Ninho da Mente (também conhecidos como Ninhonautas…se não gostaram do nome reclamem com o Edu ;x). Quem hoje vos escreve é o Marcel do Nerdologia Alternativa (ou simplesmente NA~), um blog praticamente irmão do NDM.

“Certo, mas que diabos tu tá fazendo aqui ?”

Bem, estou aqui com dois objetivos: o primeiro é de cumprir uma promessa envolvendo trocas de artigos entre os blogs. Na semana passada, o Aurrai havia escrito no NA~, e hoje sou eu quem estará escrevendo por aqui.

E o segundo motivo é simples: fazer propaganda do meu blog resenhar algumas palavras a respeito de Tropa de Elite 2, que é talvez, um dos maiores filmes Brasileiros já feitos na história.

Quando este trailer saiu, muito de nós (eu me incluo na lista) achávamos que Tropa de Elite 2 seria um filme com muito mais foco na ação. Em outras palavras, o vídeo acima nos fez crer que veríamos o agora Tenente-Coronel Nascimento (e Secretário de Defesa do Rio de Janeiro) resolvendo seus problemas a moda John Matrix e com o Seu Jorge como vilão tocando o terror.

No entanto, a película que o trailer vende é MUITO diferente do filme em si.

Se você esperava ver o Tenente-Coronel enfiando a vassoura no rabo do do Seu Jorge (que aqui faz o detento Beirada) enquanto o obriga a cantar Carolina em mais de cinco idiomas…pode esquecer, pois você não verá nada disso.

Se foi uma Estratégia de Marketing das mais safadas ou se realmente foi um modo de esconder a verdadeira intensão do filme, isso eu infelizmente não tenho competência para responder. No entanto caro leitor do NDM, uma coisa eu posso afirmar: TdE 2 é um filme muito, mais MUITO superior a tudo que nós imaginávamos.

A Trama

Ao escolher seu substituto no final do primeiro filme, Nascimento acreditava que poderia enfim viver uma vida feliz e tranquila com sua mulher e seu filho recém nascido ... pena que sua esposa Rosane o abandonou antes de que isso fosse possível.

Com seu plano de vida indo por água abaixo, Roberto Nascimento (sim, o primeiro nome dele é Roberto O.O) acaba permanecendo BOPE em sua luta contra o tráfico de drogas. Entretanto, após uma ação violenta no presidio de Bangu I, onde Mathias (agora Capitão) comete uma bela de uma cagada, Nascimento é destituído do comando do Batalhão. Mas por ser considerado como um herói pela população, o ex-capitão é promovido como novo Secretário de Segurança do Rio de Janeiro.

A partir deste ponto, o filme da um salto para os dias de hoje. Com os esforços de Nascimento, o BOPE agora possuía uma invejável máquina de guerra, tendo a disposição um vasto corpo de soldados e equipamentos.

A guerra contra os traficantes se mostrava perto do fim e com isso, o plano de Nascimento estava perto de se concretizar. No entanto, uma pequena brecha no plano do Tenente-Coronel acaba por criar um inimigo tão poderoso quanto o tráfico.

O Filme

Em vez de simplesmente fazer um filme de ação, José Padilha optou pelo desenvolvimento de sua história e de seus personagens. A idéia que o personagem de Wagner Moura tinha para vencer a guerra civil instalada no Rio no primeiro Tropa, aqui se mostra perfeitamente executada … entretanto, o tiro acabou saindo pela culatra.

Com o enfraquecimento do poder dos traficantes, os policiais corruptos que antes possuíam negócios com o tráfico, acabaram tomando o poder dessas comunidades e, assim formando pequenas milícias dentro dos morros. E para piorar, as milícias passam a ter apoio do poder público, que vê nas comunidades uma grande máquina eleitoral, capaz de produzir muitos votos durante as eleições.

E aqui está a grande sacada do filme.

Ao desenvolver os ideais de Nascimento, José Padilha mostra que o problema é muito mais complexo do que se pensava. E pior, por mais que seja uma ficção, tudo que é mostrado em cena é um grande reflexo de nossa própria realidade. Policiais corruptos, políticos incentivando essas barbáries acontecem aos montes.

Em outras palavras, aqui não é os soldados do BOPE que dão tapa na cara de meliante…o tapa na cara é dado em nós a cada cena em que policial Rocha comete um ato violento, a cada cena em que presenciamos a falta de caráter dos políticos, e principalmente, quando esses desgraçados são cobertos por vários aplausos.

Como dito logo acima, TdE 2 dá muita ênfase ao desenvolvimento de seus personagens. Se no primeiro filme tínhamos um Capitão Nascimento totalmente enérgico, aqui vemos um personagem mais envelhecido, solitário, com problemas de relacionamento com filho e principalmente cansado. E esse cansaço não está presente apenas nas olheiras do personagem, mas também em seu jeito de andar e de encarar os outros.

Wagner Moura não só dá um show como praticamente dá uma aula de como se evoluir um personagem. De personagem secundário no primeiro filme, aqui toda a trama gira em torno de Nascimento. Mas apesar de ser o centro das atenções, Moura não é o único a brilhar frente as câmeras.

O “novato” Irandhir Santos com seu personagem Diogo Fraga, um Professor de História e ativista dos Direitos Humanos, é outro grande destaque do filme. Fraga é o contraponto do Tenente-Coronel Nascimento. Enquanto um age pela violência, o outro age pelo dialogo. E já não bastasse Fraga ser o principal crítico das ações do BOPE, o cara é ainda casado com a ex-esposa de Nascimento.

Outro ator que deu o que falar no longa foi Sandro Rocha, o interprete do policial corrupto Rocha. Chefe das milícias que tomaram conta dos morros, Rocha e seu organização se mostra muito mais perigosa e violenta que os antigos traficantes. A maneira como os milicianos eliminam seus desafetos lembra muito o modo de agir da máfia italiana.

E o modo de como Rocha age faz o Baiano do primeiro filme parecer uma franguinha fã do Restart.

Outro personagem que não posso deixar de destacar é  sempre malandrilso Coronel Fábio, novamente interpretado por Milhem Cortaz. O cara continua tão fanfarrão quanto no primeiro longa, sendo dessa vez responsável pela maioria das pérolas do filme.

Ou você não curtiu o “Quer me foder? Então me beija” ?

Se tu não curtiu, é porque você deve ser achar o “pica das galáxias” hauhuaauhauhuahuahuauahua.

O Resto do elenco não aparece tanto quanto estes que eu citei, mas cumprem bem o seu papel. Até mesmo André Ramiro, considerado o ator mais limitado do elenco, dá conta do recado. Se aqui o Capitão Nascimento não distribui bordoada em meliante, o Mathias não pensa duas vezes em o fazer.

“Certo Marcel, já entendi que o filme é foda e que cada um desses caras merecem o Oscar…mas não tem nenhuma ceninha de ação ?!”

Claro que temos cenas de ação.

Apesar de não ser o foco do filme, Tropa de Elite 2 conta com excelentes cenas de ação. A invasão em Bangu I, o vôo de Helicóptero (a tomada desta cena é sensacional, aliás), os confrontos nos morros, a emboscada contra Nascimento são grandes exemplos de cenas que mostram que é possível sim produzir ação com qualidade em nosso país.

E tudo isso sem cair no escracho…

…como a invasão da Portelinha em Duas Caras ahuahuahuahuahuaua.

Finalizando

Bem, eu poderia falar mais coisas sobre o filme, mas esta postagem ficaria grande demais, então irei encerrar o meu texto aqui.

Quero agradecer a meu parceiro Edu Aurrai pela oportunidade de poder escrever para o Ninho da Mente e a todos vocês leitores pela paciência de ler toda essa joça que eu chamo de texto hehehe

Pois bem, Tropa de Elite 2 deveria ser um o típico de filme que todo Brasileiro deveria ver como se fosse um dever cívico. O filme é muito mais que a visão atual de nosso país, é um tapa na cara de cada um de nós.

Ou melhor, fazendo uma analogia ao primeiro filme, a continuação de Tropa de Elite é um tiro de 12 na cara de cada um de nós, habitantes deste Brasil Varonil.

Ficha Técnica

Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro

Roteiro: Bráulio Mantovani, Rodrigo Pimentel e José Padilha.

Direção: José Padilha

Elenco: Wagner Moura, Irandhir Santos, Pedro Van Held, Seu Jorge, Tainá Müller, Emilio Orciollo Neto, Maria Ribeiro, André Ramiro, Milhem Cortaz, Sandro Rocha, André Matos, Bruno D'Elia, Fabricio Boliveira.