O Cavaleiro das Trevas Ressurge, capítulo final da trilogia iniciada por Christopher Nolan em Batman Begins (2005), seguido por O Cavaleiro das Trevas (2008), finalmente chegou aos cinemas nacionais no último dia 27 de julho. Desde então tem colecionado críticas apaixonadas dos mais diversos veículos de imprensa, assim como de vários fãs pela internet. Boa parte das resenhas se apoia na grandiosidade do filme, em seu tom épico e dramático, em sua parcela digna como o encerramento da série mais aclamada na história das adaptações de quadrinhos para o cinema.
Nesse ponto é possível observar um dado curioso. Na maioria dos reviews ou mesmo das opiniões em geral, apesar do entusiasmo, é bem fácil acabar topando com um “porém”. Coisas do tipo: “O filme é maravilhoso, mas tal coisa não funcionou na tela”. Quase como se houvesse uma espécie de bloqueio moral impedindo algumas pessoas de admitir que O Cavaleiro das Trevas Ressurge tem as suas falhas e que sim, elas incomodam.
Realmente, a produção conta com uma parte técnica digna de prêmios e aplausos, com atuações impecáveis, boa trilha sonora, além de uma infinidade de referências as HQs do Homem-Morcego. O que eu não consigo compreender é a razão de tanto oba-oba, tantas notas 9 ou 10, sendo que este terceiro filme é de longe o mais fraco da trilogia do Nolan. Ao menos a versão que foi para os cinemas.
Não sei se as notícias divulgadas há meses atrás dizendo que o corte original teria cerca de quatro horas de duração são verdadeiras, mas, caso positivo, as tais cenas fizeram uma tremenda falta. É claramente perceptível que a redução de tempo prejudicou o andamento do ambicioso roteiro, principalmente na primeira hora de filme.
Há diversas situações e personagens que são jogados na trama sem maiores explicações ou apresentações. E eu não estou falando de aspectos inerentes as produções hollywoodianas famosas por terem de entregar uma história mastigadinha, mas sim em elementos importantes que carecem de uma melhor exploração a fim de ganhar a empatia do espectador. Aliado a isso, há ainda um amontoado de resoluções fáceis baseadas em coincidências, algumas delas apelando notoriamente para a suspensão de descrença do público, além de um excesso de explicações exatamente em momentos onde elas não precisariam existir.
Somando isso a comparação com os espetaculares capítulos anteriores, O Cavaleiro das Trevas Ressurge acaba se tornando uma experiência não tão memorável pós-sessão como a euforia causada por Batman Begins ou porrada psicológica de O Cavaleiro das Trevas. Não que esses dois também não utilizem de alguns recursos de roteiro no qual uma certa dose de boa vontade se mostre necessária para encarar, mas ao menos eles tem o mérito de segurar a história com muito mais propriedade no dito “universo realista” mostrado por Christopher Nolan.
E também nesse ponto está a maldita expectativa criada em torno do terceiro filme - um vilão maior até do que o famigerado Bane - talvez a responsável pela onda de fanatismo causada atualmente. Fanatismo esse que tende a baixar no futuro quando a obra puder ser revisitada ou quem sabe aumentar, caso uma possível cópia “Director’s Cut” chegue as prateleiras do mercado de home vídeo.
Aliás, teria sido uma ótima ideia se Nolan e a Warner optassem por lançar o filme em duas partes, a exemplo do que foi feito com o último Harry Potter, onde a história poderia se encaixar em queda e ressurgimento com o devido tempo para desenvolver toda a ambição pretendida inicialmente.
NOTA: 7,0 (Por enquanto)
É bem provável que o renomado amigo leitor esteja me amaldiçoando aos quatro ventos nesse exato momento. Sendo assim prometo uma matéria mais aprofundada e spoilerenta futuramente que mergulhe mais nessa minha abordagem. Até lá! (Ou não)
Um comentário :
O filme foi decepcionante. Parecia que Nolan o fez para não deixar que outro diretor terminasse a trilogia, ou pior, fizessem outros, continuando indefinidamente.
Não sei o que ouve, mas tive a impressão de que esse filme foi menos violento que o anterior. Em "Batman 2" tivemos cenas como o "lápis mágico", sem cortes. Mas em "Batman 3" a cena do cientista que teve o pescoço quebrado foi editado, mostrando de longe. E eu queria ver o avião se espatifar no fim do sequestro do cientista!
E precisava levar o Batman pro meio do deserto? Não podia prende-lo ali mesmo, no Azilo Arkham? É como ir na rua usar um orelhão quando você tem um celular!
Enfim, a maldição do terceiro filme ataca de novo.
Postar um comentário