E finalmente chegou aos cinemas o filme mais esperado do ano. Pelo menos por mim. E antes que vocês questionem, meus caríssimos e fiéis leitores, eu tomo a liberdade de informar-lhes de que diferentemente das matérias usuais aqui no blog, onde eu costumo adotar um esquema mais dissertativo e menos pessoal, dessa vez será inevitável uma outra forma de expressão que escape de ser chata e cheia de pronomes.
Desde os primeiros boatos vocês puderam acompanhar aqui no Ninho da Mente diversas novidades a respeito do remake de um dos clássicos mais adorados pela geração 80/90, seja pela divulgação dos trailers, pelas action figures, ou mesmo as imagens alteradas nos mais diversos editores de fotografias que prenunciavam como seria o visual de um dos maiores ícones do cinema fantástico na pele de outro intérprete.
Por mais que a maioria estivesse descendo a madeira com vontade na produção, eu publicamente me mostrei bastante empolgado com todos os detalhes. O visual estava bem bacana, o primeiro trailer era fantástico, as frases de efeito excelentes, as matérias nos sites gringos eram promissoras e a ideia de trazer o personagem Freddy Krueger de volta às origens parecia estar no rumo certo.
Pois bem, infelizmente algo deu errado.
Eu não sei mais o que é real
Essa é uma frases ditas por um dos personagens durante o longa que personifica muito bem o rumo que o remake tomou. Muito do tempo da duração do filme se passa no mundo dos pesadelos, mas ao contrário do original de 1984 isto não é uma vantagem. Se antes ficávamos surpresos ao descobrir quais cenas aconteciam enquanto os protagonistas estavam dormindo ou acordados, aqui o roteiro se prontifica a avisar quando isso acontece.
A impressão que dá é que tentaram fazer uma homenagem ao material original sem jamais querer deixar de lado as manias do cinema atual. E tome cortes bruscos e sustos fáceis a cada cinco minutos. Pois é, não é exagero. Visto que tanta história é apresentada sob a ótica de Morfeu, é inevitável que o personagem Freddy Krueger se torne uma figura superexposta, contrariando até o mistério que rolava durante a divulgação do filme.
E esse não é o maior problema, há ainda um outro pior que é o conjunto de boas ideias mal aproveitadas. Existe uma explicação diferente quanto as motivações do assassino, outra a respeito do por quê de ele ter escolhido as suas vítimas, mais uma sobre as circunstâncias sob as quais foi tomada a drástica atitude dos pais da rua Elm, e todas elas acabam tornando-se aquém do que se esperaria.
A maior vítima acaba sendo o novo Freddy. Não que o Jackie Earle Haley tenha se saído mal, muito pelo contrário, foi o próprio roteiro que se encarregou de minimizar o ótimo trabalho feito pelo ator. Afinal, as cenas envolvendo os diálogos maliciosos e sádicos entre ele e o resto do elenco são o que se tem de melhor no longa, porém os problemas citados infelizmente impedem que este Freddy Krueger se torne um novo ícone para uma geração.
Eu não tenho nada contra a intenção de aproximar a história do público atual, mas gostaria que ao menos o fizessem com mais propriedade. Claro que o original não era uma obra prima dos enredos cinematográficos, mas ainda assim possuía uma alma, uma certa coerência bizarra. Essa nova tentativa de atingir a realidade ao extremo mostrou-se equivocada. Os adeptos ferrenhos de Jogos Mortais e companhia se sentirão satisfeitos.
Em resumo, é um filme ruim? Não, não é. A trilha sonora é muito boa, manda bem o clima de paranóia que paira no ar, algumas das interpretações são bem bacanas, a introdução – principalmente pela trilha clássica na tela-título - e o clímax também são bons. Só é uma pena que os roteiristas Wesley Strick e e Eric Heisserer não puderam ter criado, ou levado até os finalmentes, resoluções melhores para o seu texto.
E para breve eu prometo um novo artigo mais spoilerento aqui no Ninho da Mente comparando o novo com o clássico.