A MGM e a maldição de Poltergeist

terça-feira, 27 de outubro de 2009



Não sei se vocês sabem, mas a MGM estava mal das pernas. No final do mês passado, os executivos do estúdio organizaram uma conferência com seus acionistas para negociar ajuda financeira e solicitar aos credores um pedido de perdão dos juros de sua dívida, que até fevereiro de 2010 terá um valor acumulado de 3,5 bilhões de dólares. Margem aberta à especulação, vários veículos de imprensa levantaram dúvidas sobre o futuro de grandes produções como O Hobbit e a franquia James Bond.

Apesar dos problemas, a MGM conseguiu emplacar alguns acordos - inclusive com a ajuda de outros estúdios, como a Warner - e aparentemente salvou-se da degola. Pelo menos por enquanto os grandes projetos não serão prejudicados. Já os pequenos não tem mais a mesma certeza. O desnecessário remake de Poltergeist, por exemplo, que seria lançado em novembro de 2010, foi empurrado para 2011. A MGM apenas garantiu que o filme entra em produção no ano que vem e será dirigido por Vadim Perelman, de "Casa de Areia e Névoa", o que pode significar que o longa tomará rumos mais próximos ao suspense psicológico.

Agora falando sério, será que esses caras sabem mesmo onde estão se metendo? Sem querer entrar no mérito de questionar a validade da idéia, mas não seria um tanto arriscado refazer esse filme? Para quem não conhece o Poltergeist original, saiba que ele ganhou as telas em 1982. A produção de Steven Spielberg foi dirigida por Tobe Hooper e protagonizada por Heather O'Rourke, na época com apenas sete anos de idade. O termo "poltergeist" vem do alemão "polten", que significa fazer barulho e "geist" que pode ser traduzido como espírito. A trama gira em torno de uma típica família norte-americana - os Freeling - que assistem a habitual paz em sua residência sendo perturbada por indesejados fenômenos paranormais, como objetos movendo-se sozinhos para fora de seus lugares, barulhos estranhos, copos quebrando sem motivo, talheres que aparecem tortos e interferências em aparelhos domésticos. Os fenômenos parecem centrar-se na figura da filha caçula do casal Freeling, a pequena Carol Anne, interpretada pela loirinha O'Rourke.



No início dos fenômenos, Carol Anne acha até divertido conversar com a TV e deslizar pela cozinha movida por forças sobrenaturais. Mas, com o tempo, as coisas tornam-se bem piores para a família. O terror culmina com o sequestro da pequena por forças ocultas em uma noite chuvosa quando uma árvore cria vida e invade o quarto do filho do meio da família - interpretado por Oliver Robins - causando a distração do casal Freeling na tentativa de libertar o garoto. Carol Anne, deixada sozinha em seu quarto, é tragada para dentro do armário e misteriosamente desaparece. Seus familiares a procuram por toda a casa, inclusive em uma piscina que estava em construção, sem também conseguir encontrá-la. Até que o irmão de Carol Anne ouve uma voz vinda de dentro da TV e a reconhece como sendo a da garotinha que agora estaria presa em alguma espécie de plano espiritual paralelo.

Após esse evento, eles resolvem procurar um grupo de especialistas em parapsicologia que vão até a casa dos Freeling para também presenciarem vários tipos de fenômenos sobrenaturais tentando descobrir como trazer Carol Anne de volta. Eles explicam para a família a diferença entre poltergeists e assombrações e de fato chegam à conclusão que o problema que perturba os Freeling está relacionado a poltergeists. Segundo os especialistas, alguns espíritos de pessoas que partiram não foram capazes de alcançar "a luz". Eles estão presos entre as dimensões assistindo aos seus entes queridos crescerem, porém sentindo-se solitários. Carol Anne nasceu naquela casa. Com apenas cinco anos, ela possui uma força vital que é brilhante como "a luz"; o que distrai e confunde os espíritos, fazendo-os acreditar que a menina é a sua salvação. Também nesta outra dimensão está uma aura maligna, "A Besta". Ele explora o fato de os outros espíritos estarem confusos e perdidos e usa Carol Anne como distração para que eles não consigam chegar até "a luz".

Tendo frustradas as suas tentativas de trazer a garotinha de volta, os especialistas recorrem a uma médium espiritual, Tangina Barrons, interpretada pela esquisita atriz Zelda Rubinstein. Ela diz que "A Besta" esta enganando também a pequena Carol Anne fazendo-a pensar que o ser ao qual ela mantém contato na outra dimensão seria apenas uma outra criança assim como ela. Nesse ínterim, todos se focam no plano da médium para trazer a menina de volta. Rolam alguns sustos, por aí vai e se quiser saber o final vá atrás da produção. Só é memorável relembrar que uma das cenas lá pelos finalmentes envolve um palhaço de brinquedo demoníaco que era o terror de 10 entre 10 criancinhas que assistiram ao filme nos anos 80 e 90.


Esse puto hoje pode ser visto no Planet Hollywood em Las Vegas - USA

Poltergeist foi um enorme sucesso de bilheteria mundo afora. Arrecadou mais de 76 milhões de dólares apenas nos EUA mesmo sendo um longa de terror dirigido por Tobe Hooper. Aliás, este fato é de certo modo bastante contestado, pois, segundo consta, pouco do que vemos na tela é efetivamente o trabalho do diretor. Na época em que a MGM filmava Poltergeist, o filme "E.T. O Extraterrestre" estava sendo produzido pela Universal e havia uma cláusula no contrato de Steven Spielberg que o privava de dirigir qualquer outra coisa enquanto estivesse envolvido no projeto do E.T. bonzinho. Existem afirmações, inclusive entre o próprio elenco, de que o co-roteirista e produtor Spielberg estaria por trás da maioria das cenas principais de Poltergeist. E realmente a produção pende mais para o trabalho dele do que para o de Hooper.
 
Poltergeist gerou duas sequências, Poltergeist II: O Outro Lado e Poltergeist III.

Após toda essa introdução quanto ao filme, voltemos ao porquê de não ser uma boa idéia refazê-lo. É que simplesmente algumas pessoas acreditam que ele seja amaldiçoado.

Eu explico.

No primeiro filme, a casa da família fora construída em um antigo cemitério de onde não haviam sido retirados os corpos, apenas as lápides. O fato é que o fenômeno paranormal, como já dito, era desencadeado devido a fantasmas. Na vida real muitos acreditam que as coisas ruins que aconteceram a alguns dos envolvidos nos filmes também teriam influência da ação dos mesmos fantasmas. Os eventos que ocorreram variam de histórias até divertidas, como a atriz JoBeth Williams dizer que diariamente tinha que arrumar quadros que se viravam sozinhos em sua casa, a algumas um tanto estranhas como a residência do primeiro filme ter sido parcialmente destruída por um terremoto.

Mas entre os fatos que acometeram os envolvidos, com certeza os que mais chamam a atenção são as mortes de alguns dos atores durante os seis anos que se passaram entre o primeiro filme e o terceiro.

A primeira vítima foi a atriz Dominique Dunne, que interpretou a filha mais velha da família Freeling, Dana, no primeiro Poltergeist.



Dunne, na época com 22 anos, apaixonou-se por John Sweeney, um ajudante de cozinha que trabalhava num dos melhores restaurantes de West Hollywood. Com o sucesso no cinema, a carreira da atriz deslanchou e ela recebeu uma proposta para atuar em um seriado de TV ao lado de Tom Selleck, convite este que o namorado detestou.
 
Em 26 de agosto de 1982, durante uma briga, ele bateu a cabeça da atriz contra o chão e ela fugiu para a casa da mãe. Em 26 de setembro, ela foi agredida novamente e pôde até dispensar a maquiagem para interpretar uma adolescente espancada em um episódio de Hill Street Blues. Depois deste segundo ataque, Dominique percebeu a insanidade do namorado e tentou se esconder sendo encontrada por ele através de um contato telefônico. Então, ela declarou-lhe que havia decidido pela separação definitiva, o que John novamente não aceitou. O rapaz invadiu a casa dela e a estrangulou, tendo permanecido na prisão durante apenas três anos para o desconsolo da família e amigos.

Em 1983, seria vez de Julian Beck, ator responsável por dar "vida" ao reverendo Henry Kane em Poltergeist II.

E me dêem licença, mas eu preciso dizer algo a respeito desse personagem:



Cacetada! Esse cara me fazia tremer de medo quando eu era criança.

Diferente de vários personagens sobrenaturais dos anos 80 - tipo Freddy Krueger - o reverendo Kane não precisava de grandes efeitos especiais ou maquiagem pesada para tocar o terror. Bastava alguma coisinha que o deixasse um pouco mais pálido e o restante se apoiava no talento do ator Julian Beck, que com sua voz cansada e aterradora e olhar penetrante era capaz de tirar o fôlego dos mais incautos.

Você duvida? Então dá uma olhada:


Brrrrrrrr...

O reverendo Kane era a forma humana materializada da besta citada no primeiro filme com uma pequena alteração na composição. O ator Julian Beck faleceu aos 60 anos, durante as filmagens de Poltergeist II, devido a um câncer de estômago. O horrível verme em que o reverendo se transforma nas cenas finais do filme foi criado pelo famoso designer H.R. Giger, responsável pelo visual da criatura do filme Alien, de Ridley Scott.

Também em Poltergeist II, onde interpretava um nativo norte-americano que ajudava a família Freeling, estava o ator Will Sampson, que morreu pouco mais de um ano após o lançamento do filme. A causa de sua morte foi atribuída a uma severa subnutrição e a problemas renais após um transplante cardíaco. Sampson tinha 53 anos.



Porém, a morte que mais gerou repercussão entre as pessoas com certeza foi a de Heather O'Rourke, aos 12 anos de idade, logo após o final das filmagens de Poltergeist III.



A pequena atriz que interpretou Carol Anne Freeling nos três filmes da série adoeceu no início de 1987 e foi diagnosticada pelo Hospital Kaiser Permanente como tendo a doença de Crohn, uma infecção intestinal. A ela foram receitados fortes medicamentos para o tratamento dessa doença que a deixaram com o rosto inchado, fato que pode ser claramente notado em Poltergeist III. No dia 31 de janeiro de 1988, ela amanheceu muito doente apresentando um quadro de vômitos. Na manhã seguinte ela desmaiou em sua casa e o seu padrasto chamou os paramédicos. O'Rourke sofreu uma parada cardíaca e após reanimação foi levada de helicóptero para o Hospital Infantil e Centro de Saúde de San Diego, onde faleceu. Os advogados da família O'Rourke entraram com uma ação contra o hospital por diagnóstico impreciso dos médicos. Segundo os familiares, eles erraram ao diagnosticá-la com a doença de Crohn quando na realidade ela estaria sofrendo de um bloqueio no intestino, presente desde seu nascimento. Caso tivessem diagnosticado o bloqueio, uma cirurgia teria solucionado o problema.


 
Um fato curioso que aumentou a aura de maldição da película foi uma entrevista concedida pela atriz JoBeth Williams, na qual ela confirmou que os esqueletos usados na cena da piscina no primeiro filme eram reais. Segundo consta, os produtores teriam resolvido adquirir esqueletos humanos reais em um armazém médico por serem mais baratos do que construir falsos esqueletos de plástico. Alguns teorizam que os espíritos das pessoas as quais pertenciam os ossos foram os responsáveis pela sequência de tragédias que permeou as produções. Steven Spielberg e Tobe Hooper nunca tocaram no assunto.

De qualquer forma, o falatório em torno desses filmes é realmente algo a se considerar e mesmo com todo esse papo de maldição soando como balela, vai saber se vale a pena remexer no terreno. Está certo que o máximo que a MGM pode conseguir com o remake, ou o que se pode esperar, é um fracasso gigantesco nas bilheterias. Então estejam lançados a própria sorte meus caros.


Como curiosidade, a atriz Drew Barrymore fez um teste para o papel de Carol Anne, mas não foi escolhida. Em compensação, Spielberg a escalou para outro filme: E.T. O Extraterrestre. Esse outro papel, embora pequeno, a tornou de uma hora para a outra uma celebridade internacional.

Parece que ela escapou de uma boa, não?
 

11 comentários :

Naylinha ;) disse...

O.o eu sei que eu sou medrosa mesmo, mas após essa 'pequena' análise sobre o filme... éé... nem quero mais ver não ;x e aquelee reverendo... é de dar medo msm!

•Júnior• disse...

Porra, muito foda! Quando eu tiver coragem, assistirei os filmes.

Ps: Enquanto eu lia, os telefones aqui de casa começaram a tocar. Primeiro meu celular, depois o residencial. G_G

Anônimo disse...

Essa meninina é a coisa mais linda que já vi em toda minha vida,é uma beleza que dói,rs...desde pequena qdo assistia à esse filme me impressionava a beleza dessa menininha parece um anjinho!!

Anônimo disse...

Vi muitas vezes o filme em pequena, simplesmente acho que foi dos melhores que já vi até hoje.
E ainda hoje me custa pensar que a pequena faleceu logo depois do último filme. Uma criança linda e cheia de vida merecia muito mais..
Quanto ao reverendo acho que também ninguém consegue esquecer a imagem do Freddy Krueger. Poltergeist um filme que ficará para sempre na memoria de quem viu. Aos que partiram cedo de mais, descansem em paz.

Michael Bless disse...

fazer um remake, tudo bem, eu só quero saber onde eles vão achar uma cara que nem o reverendo Kane! ahahahahahahahahahahaha
!

Jessica. disse...

caralho brother, muito sinistro :x
fiquei com vontade de assistir. sempre ouvir falar sobre esse filme.

Jessica. disse...

ouvi*

Tacipadilha disse...

Lgeal seu post.
Eu espero que não façam um remake desse filme. Ultimamente estão fazendo tantos! (E a maioria deles, terríveis!)
Eu preciso rever os outros dois também.
:]

Jade Q disse...

Cara, eu assisti os três filmes, mais não estou satisfeita ainda, quero o 4 kkk
Apesar disso, sent a diferença do 2 para o 3 pois não tinham em nenhum momento a presença dos pais de Carol Anne, que por sinal não quiseram atuar.
Olha que sou muito medrosa, mais gostei do filme!!!

Thomas disse...

Muito bom artigo, é bem verdade quando marlon master fala que tu escreve bem pra karalho!!! kkkkk virei fã do blog.

Yoshi disse...

Dez anos atrás eu e um amigo vimos este filme, nunca tínhamos ouvido falar sobre essas histórias e por ser um filme antigo estávamos achando até mesmo um pouco engraçado, porém algumas coisas estranhas aconteceram, facas que estavam sobre a mesa caíram sozinhas, uma menina chamou na janela, porém minha casa tem portão e ele estava trancado e o fio da antena levou um puxão de repente como se alguém o puxasse pelo lado de fora. Somente a uns dois anos quando o acesso a internet de espalhou que ficamos sabendo das histórias desse filme.

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