Antes do lançamento da primeira adaptação cinematográfica dos X-Men, um bando de nerds ranzinzas já reclamava que as coisas não estavam aparentando ser do jeito que deveriam. Era a equipe que não tinha uma formação condizente, os uniformes que estavam estranhos, o ator escolhido para interpretar o Magneto que era muito velho, o Wolverine que era alto, e mais uma porção de aspectos que potencialmente poderiam estragar a tentativa de trazer os mutantes da Marvel aos cinemas.
Bastou o filme estrear para que as opiniões mudassem e o que antes parecia equivocado, de uma hora para outra se tornou memorável. A anunciada sequência foi esperada e recebida com o público já nas mãos, visto que os mesmos responsáveis pelo anterior estavam novamente envolvidos no projeto. Dito e feito, X-Men 2 foi um sucesso e ainda hoje é aclamado como um dos melhores filmes baseados em histórias em quadrinhos.
Foi quando vieram os banhos de água fria na forma do mediano X-Men: O Confronto Final e do desprezível X-Men Origens: Wolverine, com reclamações a respeito de um deles tentar enfiar dez anos de cronologia numa produção de uma hora e meia, enquanto o outro desvirtuava totalmente a história em prol da pirotecnia. Embora as reclamações procedam, na verdade esses deslizes não foram os principais responsáveis pela decepção quase unânime causada pelas últimas adaptações, mas sim a sensação de “falta de alma” que elas transmitiram.
Os primeiros filmes, dirigidos por Bryan Singer, acertaram em um ponto fundamental: souberam transportar de forma magnífica toda a essência das obras as quais tomaram como inspiração. O conceito das questões ideológicas e a crítica social passada metaforicamente através da disputa humanos x mutantes foi transposta com maestria para a tela, simplificando a tarefa de apresentar outras nuances do universo X-Men e consequentemente tornando aceitável grande parte das mudanças estéticas ou cronológicas impostas.
X-Men: Primeira Classe seguiu um caminho parecido com o do primeiro filme. Mal a produção foi anunciada e uma enxurrada de criticas negativas já pipocava pela internet. Felizmente a nova investida dos mutantes no cinema se provou digna dos tempos áureos da franquia. É um filme intenso, divertido e dramático na medida certa, com todo o debate envolvendo o surgimento da questão dos mutantes mostrado de forma deliciosamente eficaz. É um filme com alma, complementado por uma direção competente, atuações impecáveis e uma trilha sonora sensacional. Ponto para o diretor Matthew Vaughn que juntamente com a volta de Bryan Singer – a cargo da produção – entregou um novo início para os mutantes que os alçou de volta ao patamar dos grandes filmes baseados em quadrinhos e até redimiu a Fox pelas mancadas anteriores.
A representação do professor Charles Xavier e de Erik Lehnsherr, o Magneto, também são um dos grandes atrativos. James McAvoy e Michael Fassbender interpretam os futuros inimigos de forma inspirada, com ênfase no nosso camarada Fassbender. Ian McKellen foi um excelente Magneto nos filmes anteriores, mas que me desculpe o grande ator, esta nova encarnação do vilão é simplesmente perfeita. A forma como ele lentamente se revela e aos poucos vai se tornando o mestre do magnetismo que todos conhecem é de deixar extasiado qualquer fanboy que se preze.
Kevin Bacon incorpora um Sebastian Shaw totalmente caricato e que por incrível que pareça funciona muito bem para o contexto da narrativa, que se passa nos anos 60 e tem o seu clímax misturado a um dos momentos mais tensos da história da humanidade. Sem a frescura de não querer abordar temas polêmicos como o nazismo ou a guerra fria. Nesse meio, o inicio do ódio contra os mutantes torna-se bastante verossímil, assim como as motivações dos personagens e suas decisões. A mutante Mística, interpretada pela gatíssima Jennifer Lawrence, que o diga.
Os easter eggs embutidos no meio do filme também despertam sorrisos nos fãs mais atentos, como na memorável sequência em que Xavier utiliza o rastreador Cérebro pela primeira vez, nas partidas de xadrez entre ele e Erik, nas cores originais dos uniformes dos X-Men e até mesmo na rápida aparição de um certo mutante canadense, um dos momentos divertidos da produção. E não faltam boas cenas de ação. Até os mutantes subaproveitados, como o Maré Selvagem e o Azazel, proporcionam momentos esteticamente fenomenais.
Claro que o filme tem as suas falhas. Alguns podem achar que o desenvolvimento de certas situações aparenta ser acelerado, ou outro aspecto do tipo, mas isso não tira o mérito deste que já tem o seu lugar no rol dos melhores filmes nerds de 2011. E com a vantagem de também agradar ao publico leigo, fazendo-os se sentir como se acompanhassem os quadrinhos dos mutantes há anos.
Nota: 9
Um comentário :
O maior problema da produção foi justamente o material de divulgação, que era simplesmente pavoroso. Se fosse se basear pelas fotos e os primeiros vídeos, não dava mesmo para colocar fé.
Bem, quando eu ver o filme, irei dar minha opinião sobre ele :)
Postar um comentário