De volta das profundezas do inferno

sábado, 17 de julho de 2010

hell

“A vida é bem parecida com os filmes. A diferença é que só se morre uma vez”.

O mundo do entretenimento possui uma característica bastante curiosa com relação a consertar as coisas. No cinema e na literatura, em um senso bem distante da realidade, a maioria dos problemas tem uma solução simples, principalmente a morte. Falando em quadrinhos chega até a se tornar um negócio engraçado, visto que a própria mídia não possui mais qualquer credibilidade quanto a pessoas que vão desta para a melhor. Desenhos animados são ainda piores, os japoneses e seus animes que o digam. Quantas vezes o Goku foi até o além-mais e voltou para contar a história em Dragon Ball? Quantos personagens já não levaram tiros, pancadas, foram explodidos ou caíram de precipícios gigantescos, aparecendo vivos e sadios logo na cena seguinte? Dá para perder a conta.

Passando por tudo isso, temos o nosso amado gênero horror e as suas imensas franquias cinematográficas, sempre arrumando um jeito de trazer de volta para o mundo quem já havia seguido rumo aos braços do tinhoso. Naquela velha política de que se deu certo uma vez tem que ter sequência, produtores, roteiristas e diretores acabaram criando o tipo de figura que ficaria eternamente conhecida como “o assassino imortal”, aquele indivíduo que passa por toda a sorte de desgraças até ser derrotado ou morto. E tudo para voltar em um próximo filme de um jeito completamente idiota. Salvo por raras exceções, normalmente as desculpas inventadas para ressuscitar os defuntos são no mínimo risíveis. Isso quando realmente existe uma trapalhada do destino incumbida de tal feito.

Sem dúvida o expoente máximo dessa cultura é o mascarado Jason Voorhees da série Sexta-Feira 13. Tecnicamente, ele só foi morrer mesmo lá pelo final de Sexta-feira 13 parte 4, quando um guri chamado Tommy Jarvis literalmente resolveu fazer picadinho do psicopata. Antes disso, Jason havia sobrevivido a uma senhora facada em Sexta-feira 13 parte 2 e também a uma machadada bem no meio dos cornos na parte 3. Enfim, parecia que o assunto estava resolvido, já ele ficou um bom tempo morto e enterrado. Mas não, em Sexta-feira 13 parte 6 o agora adulto Tommy - em uma das atitudes mais imbecis da história do cinema - resolve desenterrar o corpo de Jason para destruir o que restou do cadáver. A ideia era tentar conter as alucinações que vinham atormentando-o por anos.

jason6

Quando finalmente se depara com os restos mortais do assassino, o emputecido rapaz arranca uma lança de ferro em uma grade e violentamente desfere vários golpes no putrefato Jason terminado por cravar-lhe a estaca no peito. Ele só não contava que um raio fosse atingir a lança e que a eletricidade gerada iria trazer o serial-killer de volta à vida. Isso mesmo, mais ou menos que nem o monstro de Frankenstein. E olha que isto voltaria a acontecer em um futuro filme da série, porém utilizando-se de uma carga elétrica bem menor, já que apenas uma porcaria de um cabo de energia submerso foi o suficiente para despertar o maníaco. Em outras oportunidades ele voltou à vida através dos poderes paranormais de uma jovem chamada Tina - que queria reviver o pai morto - e também pelas mãos de Freddy Krueger em pessoa através de um pesadelo no filme Freddy x Jason.

E por falar nele, o famoso filho bastardo de cem maníacos também tem as suas incursões no mundo dos retornos bizarros. Está certo que o personagem já estava morto desde o primeiro A Hora do Pesadelo, mas de uma forma ou de outra, um dia teriam que inventar uma justificativa para trazer o mestre dos sonhos ruins de volta à ativa. O engraçado é que foram se preocupar com isso só no quarto filme da série, visto que nas duas primeiras sequências não é mencionada nenhuma razão que elucide o que o Freddy Krueger fez para voltar a atazanar a vida dos inocentes jovens da rua Elm. Ele simplesmente reaparece e ponto final. Já em A Hora do Pesadelo 4 o roteirista William Kotzwinkle decidiu dar um basta em toda essa falta de detalhes e bolou uma solução “criativa” para explicar o retorno do personagem ao mundo dos pesadelos.

Quem assistiu as cenas finais de A Hora do Pesadelo 3 sabe que o vilão foi derrotado quando conseguiram enterrar os seus restos mortais benzendo-os com água benta. Pois bem, no quarto filme um dos sobreviventes do pesadelo anterior é mostrado tranquilamente em sua casa, até que decide tomar a pior inciativa possível no universo da franquia: dormir. O cara tem um cachorro – ironicamente de nome Jason – e logo os dois são transportados para mais um sonho desagradável, exatamente no ferro velho onde foi sepultado o esqueleto de Freddy Krueger. O jovem então visualiza o seu cãozinho cavucando em uma clareira, quando do nada o bicho urina(!) um jato de fogo(!!) que acaba incendiando o local. As chamas abrem uma fenda no chão e a carcaça de Krueger simplesmente se remonta dentro do buraco. E o que ele faz quando sai de lá? Diz uma frase de efeito, claro: “Vocês não deviam ter me enterrado, eu não estou morto”.  Sejamos francos, era bem mais aceitável quando não tinham um motivo.

Outro que entra no balaio é o divertido Chucky, o vilão da série Brinquedo Assassino. Chega a ser um desafio quase paradoxal tentar descobrir como conseguiram encontrar uma resolução tão absurda para ressuscitar o personagem pela segunda vez após terem tido uma das idéias mais sensatas anteriormente. E é claro que me refiro ao segundo e ao terceiro filme. Veja bem, no original o boneco possuído termina todo queimado, decapitado e cravejado de balas. A sequência optou pelo óbvio fazendo a empresa fabricante da linha de brinquedos “Good Guys” recolher o que restou do “cadáver” para então levá-lo de volta à linha de montagem, onde Chucky foi meticulosamente reconstruído. A intenção do pessoal era desmitificar a ideia de que um garotinho maluco havia comprado um produto da empresa que posteriormente teria tentado matá-lo. Perfeito.

chucky

E é ai que entra o Brinquedo Assassino 3, que ganha o primeiro lugar como rei dos retornos ridículos. O filme reapresenta a fábrica, agora desolada e abandonada, mas que ainda guarda o corpo de Chucky, cruelmente destruído no segundo episódio. Sabe aqueles ganchos estilo máquina de pegar bichinhos de pelúcia? Então, um deles surge de repente, controlado por alguma força sobrenatural qualquer, se enfinca no que sobrou do boneco e o carrega de um canto a outro do lugar, fazendo um rastro de sangue se espalhar pelo caminho. Como o sangue não coagulou depois de tanto tempo? Acho que nem o roteirista Don Mancini sabe explicar. Enfim, o trajeto passa por um tanque de plástico derretido, que milagrosamente também estava intacto, e os respingos sobre ele criam uma reação química mirabolante, o sangue e o plástico se misturam e temos um Chucky novo em folha.

Entre nós, se o brinquedo do mal teve a manha de se refazer contando apenas com algumas gotinhas do seu sangue entrando em contato com um tonel de matéria prima, então por que cargas d’água o desgraçado se remontou como um maldito boneco “Good Guy”? Não teria sido muito mais prático construir um Ken de um metro e noventa com uma giromba de trinta centímetros? Se a intenção era fazer estrago, porque não um G.I. Joe do tamanho do incrível Hulk? Ou, sei lá, um “Stay Puft, Marshmallow Man”? Não dá para entender. Sinceramente. Boneco burro do inferno.

Enfim, creio que já tenha me estendido demais. Então esse papo de volta dos mortos ficará para uma segunda parte, afinal ainda existem diversos personagens célebres a serem comentados. E claro, não posso deixar de lado um último retorno do mundo das trevas que é o do próprio Ninho da Mente. Isso mesmo caros amigos. Após um bom tempo revisando post por post dessa bodega, eu finalmente consegui botar a casa em ordem. Está oficializado aqui a volta do NDM. Agradeço a todos pela paciência mandando um forte abraço e parafraseando o grande doutor Emmett Lathrop Brown, que também se encucava para regressar de certos lugares: Vejo vocês no futuro!

5 comentários :

Phsms disse...

eu adoro essas desculpa para reviver alguém huEAHUEAHUAEAE

Marcel disse...

Porra, se o cara estava tendo alucinações, não seria melhor ele procurar um terapeuta ou então parar de usar drogas ? xD

hauhauahuahuahuhau...esse tipo de papo pode render muitos e muitos artigos. Alias, alguns artigos sobre ressurreições idiotas em histórias em quadrinhos também cairia muito bem \o/.

Excelente artigo Edu, ficamos esperando pelos próximos !

Unknown disse...

Só para continuar incomodando, sobreposição dos comentários no Linkwithin ocorrendo. E cara, me matei de rir com os argumentos do Chuck..kkkk Nunca tinha ensado nisso! Ken de 1,90 e Stay Puft foram impressionantes..kkkkk Tem toda a razão mesmo! Abs.

D_zurich disse...

O fato do sangue de chucky não coagular, é porque chucky NÂO morreu pois bonecos não morrem, eles nunca foram vivos, como poderiam morrer, nesse caso
charles Lee Ray passou a alma dele para o boneco. A alma de alguém só abandona o corpo quando este morre, mas como dito antes bonecos não morrem, então a alma de chucky ainda habitava o boneco, ele não havia morrido tinha apenas sido neutralizado, e além disso o sangue só coagula depois de morto. Agora, o esquema do Gancho e sua reconstrução perfeita eles realmente forçaram a barra mesmo.....

Leoosm2000 disse...

q merdaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 
Copyright © 2016. Ninho da Mente