Há exatos 18 anos era apresentado ao mundo Nevermind, icônico álbum do Nirvana responsável pela última mudança radical nos rumos do mundo da música.
Como todos sabem, os grunges de Seattle foram alçados ao status de ídolos pela mídia da época e enterraram de vez qualquer resquício deixado pelos hard rockers, headbangers e metal farofeiros dos anos 80. A personalidade juvenil outrora representada por faceiros loucos travestidos dava lugar a letras pessoais e depressivas. Um retorno a sonoridades sujas, cortesia do - injustamente calcado a - líder de uma geração chamado Kurt Cobain. A chamada geração X.
Da qual eu me incluo.
Fatos assim expostos, não vou enfatizar a responsabilidade que o chamado "movimento" teve em relação aos rumos musicais que se seguiram. Seria assunto para páginas. Assunto este que é discutido exaustivamente web afora até hoje. Procure algum fórum sobre o Nirvana e você irá constatar a quantidade de pessoas defendendo idéias a respeito, contra ou a favor, tendo vivido a época ou não. Também não irei entrar no âmbito de discutir se foi justo. Ou válido. Nem vou questionar os prós e contras. O antes e o agora. E o que poderia ter acontecido.
Não caros amigos.
Hoje, pondero apenas sobre o valor musical que o disco agregou a mente dos adolescentes mundo afora. E ao modo como continua sendo agraciado a gosto de pessoas que só podem ler notas a respeito do que foi aquele momento. Colocando o CD para rolar, 18 anos depois...
Como parte da geração X, fui um detentor ferrenho da pessoa do Sr. Cobain. Tinha a obsessão possessiva de que nada poderia difamar o nosso proclamado herói. Nada, nem o início na merda, nem o meio degradado e nem o trágico fim. Muito pelo contrário. Aquele cara era um mártir para nós. Um mártir sem uma causa. Alguém a se idolatrar.
Não conhecíamos os anos passados. Não havíamos vivido um momento que se comparasse a explosão do rock n' roll. Não sabíamos sobre atitude. Nós só estudamos os primórdios. Nunca havíamos presenciado alguém gritando tudo o que pudesse em frente a um microfone, tropeçando em meia dúzia de power-chords de guitarra.
Era o auge.
E após a ascensão vem a queda. Todos aqueles remanescentes da geraçao X também envelheceram. E todos presenciaram a continuação do mainstream musical. Alguns aderiram ao meio. Outros não faziam idéia de no meio de que estavam se metendo. Uns enveredaram para os mestres dos tempos anteriores, outros para formas mais obscuras de arte. Muitos resolveram por si só notar a regularidade por trás do som do Nirvana. Todos perceberam que o líder teria morrido de qualquer jeito.
Eu não sou diferente dessas pessoas.
Anos passados daquela época, meu pseudo-intelectualismo me atirou as idéias de que o Nirvana não foi nada mais do que uma oportunidade. Um lance de sorte de três caras que estavam no lugar certo, mas se analisados friamente, em nada acrescentaram a qualquer criação musical. Apesar de concordar com o fluxo universal quanto a relevância que a sua musica deixou como legado a história do rock.
Mas hoje, ouvindo aos acordes iniciais de Smells Like Teen Spirit, pela primeira vez eu consigo perceber o que foi aquele impacto. Aquele sentimento que eu tinha quando ouvia as mesmas notas achando que era a salvação de todo o mal que poderia afligir minha alma. Era a rebeldia. O foda-se. O curtir o momento. O "eu quero fazer isso". A liberdade.
O desenrolar do álbum, as pancadas na bateria de Dave Grohl em In Bloom, a simplicidade de uma sequencia de notas em Come As You Are, a agressividade pé-na-porta de Breed.
A melodia e o conforto de Lithium, a vontade e a falta de pretensão em Polly, a explosão de hormônios em Territorial Pissings, o aspirante sentimento de paixão explosiva em Drain You.
A vontade de libertar-se das instituições em Lounge Act.
O correr pela rua sem luz gritando insanidades ao som de Stay Away. A volta ao mundo e o encarar do egoísmo em On Plain. A serenidade de não poder ver ninguém ao seu lado em Something In The Way.
Uma volta ao passado. Sob outro ponto de vista. Sem indagar, sem julgar, sem medir e analisar.
Hoje, entendo o por que de ainda existirem tantas crianças ostentando em sua camisa uma imagem de Kurt Cobain. Não um mestre, mas alguém que prova aos remanescentes que, queira ou não, será relembrado por muitos anos.
E quem sabe neste dia de hoje, quando geração X alcança sua maioridade, todos nós possamos olhar para dentro e perceber que por mais que lhe atinjam, ainda podemos fazer a diferença.
Vários já fizeram. E este cara acabou fazendo sem perceber.
Parabéns Nevermind. Feliz aniversário.
Um comentário :
num tenhu nem o que comentar deste post... mesmo naum sendo da geração x.... cada palavra e cada atitude que vc se referia.. nossa.. foi foda... o jeito que vc colocoua s coisa foi perfeitooo!! PARABENS pra vc e pro Nevermind
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